A Vida em Palavras - A minha queda

 



                                 "Eu não sei mais o que eu sinto por você"



    Últimamente tenho ouvido muito sobre dominação mundial, pessoas que estão com medo de serem controladas, mas acreditam em qualquer coisa que ouvem, já esendo dominadas sem notar, controladas por notícias sensacionalistas que pregam o medo, então com medo do invisivel, não notam o que está bem a frente delas.

     Tudo bem, eu sei que fui dominado, não por um sistema tão poderoso, mas pela minha própria confiança. Pelos justos momentos onde eu olho no relógio e noto que não existe ninguém pensando em mim, quando desabo sem nunca ter se erguido, quando vejo que fui facilmente manipulado, vivendo uma esperança que sabemos que fora uma mentira sem fundamentos, ninguém nunca me disse pra onde ir, mas eu queria ir com você, agora tudo se acabou.



                               "Cortar e queimar, siga em frente..."

     Então você está acordado de noite, mãos na cabeça, tentando dormir. Suas lágrimas não são o suficiente, seu peso parece sair para fora da cama, ninguém perto o suficiente, todos estão longe e você quer ir embora. Aquele momento onde você notou que não existe uma casa, sem um amanhã provável, quando risadas se misturam a uma sensação pesada, você quer partir, mas você irá sozinho, não existe uma companhia, a pedra nunca foi reta, então chorar não adianta, quando você desabar.


                     "Se você fosse cego, eu continuaria te amando..."

     Assim você gostaria de viver na ilusão, em uma mentira, acredite, isso não dói tanto quanto a verdade. Quando notei que não existem coisas boas para idiotas como eu, então viver é uma dor, respirar é o que você tem de parar de fazer, um dia acordar e ver que tudo foi um sonho, pois você está de pé em uma nova vida.

      Não existem pessoas que se importam com você, mesmo que se convença, as únicas estão longe, por mais que tentem se manter perto, foi o que ela disse, a única coisa que deveria tentar é deitar e morrer, sentindo triste, envelhecendo cada vez mais, não importa o quão jovem seja, isso nunca dói menos. Quando você tenta parar os cortes que se abriram em seu peito, seus olhos estão dilacerados, sua mente explodiu, então isso é só uma queda, do alto do paraíso até o chão, não existe um lar.


                         "Agora eu posso comer carne..."


     Aquele momento que nada foi o suficiente, inclusive você, o tempo dói, apenas esperamos pelo momento que ele vá se distorcendo até acabar, por favor, nosso tempo acabou, mas eu queria que continuasse até o fim. Contudo, me tiraria do fundo do poço? Me beijaria? Não me abandonaria?

     Eu vivi quando as promessas se destruiram, a vida foi uma mentira, momentos felizes não existiram, tudo são apenas lembranças. Quando você tenta retornar ao primeiro vestígio de sua alma, na morte eu estarei vivo, não importa no que você acredite, eu sei que irei deitar e morrer, quando o relógio bater na última vez, entratanto, me guiaria até a saída? Ninguém nunca te amaria o suficiente, nada nos amou, vivemos uma ilusão que não se estendeu até o fim do jardim, a fantasia é fraca, brincar dói e eu queria conseguir sonhar. Pois ela foi viver a vida sem você, contudo, notou que você não tem uma vida.


                                       "Você só tem quatorze anos..."

                                      "É só o que vou continuar tendo..."



     Por favor, não me diga que existe uma esperança, pois todas foram falsas. Não diga que eu viverei, quando tudo está destruido.


                       Não importa

                       Se todas as mentes funcionam iguais...

                       Uma, duas, dez, cem, mil, um milhão ou bilhões...

                       Não espere que o sistema se aplique a mim...

                       Ninguém nunca é igual, não é porque ele conseguiu sobreviver...

                       Que eu vou viver, encontrar alguém e respirar...

                        Na realidade eu não quero encontrar ninguém...

                        Eu estarei mentindo sobre o amor, tudo foi apenas uma reação?

                        Meu coração foi usado, meu pensamento atrasado e o olhar desviado

                        Então não quero mentir para alguém, uma garota para chamar de única

                        Mentir que a amo como nunca amei ninguém, pois você sabe que isso é uma mentira
 
                        O amor por você existiu e existirá, até o fim dos tempos.

                        Mas agora você se arrependeu dele, me revelou o quanto foi falso, você não me amara.

                        Então se eu conseguir abrir meus olhos, eu verei a escuridão como agora?

                       Pois fui controlado pela vida, meu sistema não é igual ao deles.

                       Beleza não importa, a mente se desfaz.

                       E não existe alguém para me salvar.

























                    "Sem você, eu seria um corpo vazio, levando flores para você todos os dias, Luis"

                                    Mas tudo se acaba, ela foi preenchida e meu corpo sem alma.



                   

A Vida em Palavras: Ele sabe de tudo.










        "Então ela envolveu os seus braços em meu corpo, fiz o mesmo, não posso saber se significou algo para ela, mas sei o que aquilo significou para mim"


       Então existe um garotinho, ele morava em uma pequena vila, nessa vila todos se levantavam e cultuavam um ser, algo que ele não sabia explicar direito, nem entender, apenas os via implorar no calor que se abria aos céus, com moscas visitando aquele pequeno lugar, algo conhecido como o senhor das moscas.

         "Ela chamou por seu nome proibido..."

       Eu não sei o que eu e esse garotinho temos em comum, talvez ele sentisse fascínio por coisas bonitas e isso nos deixasse mais perto, contudo, o motivo mais provável é que tanto eu quando ele queríamos ser amados, mas não que alguém nos dissesse e fosse embora, a ambição era tanta que precisávamos de cultos, que alguém nos lembrasse todo dia, existe uma diferença entre eu e esse garoto, ele conseguiu, enquanto devo continuar na parede escura que chamamos de terra.

        Um dia alguém bateu a sua porta, em uma mão carregava uma espada que emanava luz, era como a sensação de uma brisa fria no calor, uma coberta quente em um frio cortante, quem um dia viu aquilo podia dizer que trazia bondade e segurança, uma paz tão profunda que lhe faria adormecer se observasse por mais um segundo. Na outra mão trazia fogo, caos, um medo tão grande que preencheriam aqueles que nada sentem, deixando os sentimentalistas em um estado vazio, dando frustração e confusão, vindo somente o pânico. O garoto não demorou muito para perceber que aquilo era um anjo, se colocou de joelhos em sinal de respeito, mas o mesmo mandou que ele se levantasse, colocando a frente de uma proposta irrecusavel.


  "Arrisque um dia para salvar o outro, quando acabar poderá perceber que tudo valeu a pena"

        O anjo não tinha asas e nunca teve, não era bonito, não era feio, não era vivo, não era morto, apenas andando e dizendo como todos deveriam seguir suas vidas. Ele disse ao garoto:

- Você pode ser amado, para isso você vai saber de tudo o que assombra o universo, vamos separar sua alma de seu corpo, vão lhe encontrar morto, mas quando sua alma subir aos céus terá um grande poder, criar qualquer coisa que puder, sem ligar para leis e ordens naturais, o mundo não vai precisar ter o mínimo sentido, mas se preferir tudo poderá seguir uma ordem inquebravel, até você decidir mudar, será o homem que sabe de tudo, mesmo confrontando uma incrível solidão, não precisará se alimentar, exceto de uma coisa, isso o deixará vivo: O amor.

        Sem ligar para o que aquilo podia causar a sua alma, aceitou, então esse é o que se tornou, ele sabe de tudo.



    "KILL IS KISS, KILL IS KISS, KILL IS KISS (Pontypool)"

     

        Esqueça o final daquela história, você realmente não se importa com o que acontece com o garoto, não é? Pare de mentir para si mesmo, você não se importa, n-ã-o-s-e-i-m-p-o-r-t-a.

   Mas... Por qual motivo... Você... Se importa mais com ele do que comigo?

    Você está no meu blog, não no dele... Por favor... Tudo bem... Eu conto como acaba, mas eu acho o final algo bem babaca...


 




               NÃO, POR FAVOR, ELE JÁ TEVE ATENÇÃO O SUFICIENTE, OLHE PRA MIM, PARA MIM... SIM... AQUI...


               

     O garoto criou seu prórpio mundo, deixou que as pessoas seguissem e tivessem suas próprias ideias, um mundo justo, mas quando se deixa todos fazerem o que bem entendem, as pessoas logo resolvem seguir os caminhos indesejáveis, matando umas as outras e causando um caos profundo, não aqueles onde as forças naturais agem, seguindo o ar em grandes espirais ou ondas que batem nas costas, mas sim um feio, sangrento, cruel e sem o mínimo toque artistico..

     Mas existia um homem, ele eliminara quase todo seu mundo apenas por pequenas moedas brilhantes e amarelas, brincava com elas entre seus dedos, mas não pagavam aquelas vidas. Então o garoto teve uma ideia, apagou a existência do homem e tudo o que ele tinha feito, então ele não virou o nada, pois o nada existe, ele sumiu, toda sua conciência nunca mais fora vista, sem ideias, apenas o vazio.



    "Nada nunca volta o mesmo..."


     Depois de um tempo o garoto ainda se sentia incomodado, em algum lugar de sua mente as lembranças daquele homem ainda existiam, então só pode fazer uma coisa, apagar as memórias, mas ele tinha completa conciência do universo, ele sabia de tudo, mas depois daquilo apenas acreditava saber, pois naturalmente, assim que apagou, faltava algo, ele não sabia de algo, absolutamente comum, como o nada.

   
  O que aconteceu?


    Ele mandou alguém bater a minha porta, me culparam, jogaram minha alma ao fogo obrigando que fosse do mal, jogue uma pessoa normal no hospício e ela se tornará louca, jogue um inocente na cadeia que o mesmo sairá um bandido, jogue qualquer um no inferno que se tornará um...





        Mas eu não sei de tudo...

        Você sabe?


















                                                    "Não entendi..."
                                             "Eles seguem tudo o que está vivo"









 







Livro - Parte 3







    Na história do Livro a verdade é que o ponto principal ia se centrar não nos personagens nem neste lance de sonhos com uma música estranha, iria ser apenas em um Livro que prevê o futuro e só, com dois personagens correndo contra o tempo e salvando as pessoas da cidade, com todo aquele lance de sessão da tarde e os capítulos acabando incompletos, porém, eu queria algo novo e uma certa emoção na história, não um  pirralho bancando o herói a história toda e depois virar a história pra ter algo complexo no fim, não queria isso.

    Aqui a ideia que criei é se centrar no personagem e os mistérios que se passam, pois no fim eu simplesmente não planejo explicar tudo passo por passo para que entendam os motivos que tudo aconteceu, eu quero que criem suas próprias teorias, claro que talvez eu explique as minhas, agora vamos a história e como sempre, ouçam a música abaixo enquanto vão lendo a história.

Obs: Este capítulo fora totalmente reescrito, pois parecia seco e o rumo que tomaria não seria agradável.
-------------------------------------------------------------------------------------




 

    Você pode me perguntar se eu tive medo, a resposta é que eu nunca estive tão assustado. Eu poderia chorar mencionando a tamanha saudade que sentia de meu pai, entregar o livro as mãos de um responsável, por quais motivos eu seria culpado ? Nenhum, eu não tinha muito haver com o que estava acontecendo, mas naquele instante que tinha perdido o controle me senti culpado, tudo o que ela queria era por um instante sorrir comigo, ao quebrar aquele disco fora mais do que dinheiro jogado no lixo, com ele se foi um coração que tinha sua alma completamente partida, acho que eu entendo melhor disto agora. Eu não fazia a mínima ideia de quem era Emily e aquele mundo ao qual entrei me agarrava criando barreiras que me impediam de sair, abraçado ao canto de meu quarto com o livro em meus braços, por um momento ele não parecia mais sólido, voltando depois da onda de pensamentos que me fizeram quebrar a vibração que me mantinha desligado de todo o mundo. Minha mãe entrou em meu quarto, olhou no fundo de meus olhos, percebi que tinha secado todas suas lágrimas e tentava parecer timidamente responsável, mas nem eu entendia meus motivos, com palavras baixas ela disse:

- Você me deve uma boa explicação. - Se sentando na beirada da cama me observou, eu estava sentado no chão olhando para baixo. - O que aconteceu filho ? Você gostava tanto desta música.

- Eu não gosto mais, é isto... - Percebi o quão frias saíram minhas palavras, não justificavam a minha ira. - É que tive um sonho ruim com esta música...

- Um pesadelo ? - Ela pareceu mais interessada, como se esquecesse tudo aquilo. - Filho, você tem de aprender a separar o que é real e o que não é. Com o que você sonhou ?

- Eu sonhei com um homem sendo morto. - Sei que todos vocês esperavam que eu talvez mentisse, inventasse uma desculpa para não dizer aquilo exatamente, mas qual eram meus motivos ? - Neste sonho lembro de ver um homem com a arma apontada para ele, uma mulher chorava. No sonho tocava essa música

- Filho... - Levando a mão a boca ela disse. - Sonhos ruins acontecem, acho incomum deste tipo na sua idade, porém, não é motivo para você destruir o disco, paguei caro nele.

- Me desculpe...

   Ela me abraçou e retornarmos ao que estávamos fazendo, em como toda boa manhã eu respirei ar puro novamente, queria que as vezes fosse tão compreensiva como estava sendo neste momento.

    Naquela noite algo me chocou, talvez ao ligar a televisão e ver que em pouco tempo tenha ocorrido um assassinato, um homem fora morto com uma bala em seu peito, olhei mais de perto, ás vezes isso pode parecer algo comum, talvez a você seja incomum, mas coisas do passado tentam voltar de qualquer maneira, mesmo errado você tinha um pouco de razão, sim, é isso que você deve estar pensando, o homem morto que apareceu no noticiário era o mesmo que assombrou meus sonhos.

                       *************************


    Quando abri o livro na mesma noite vi outra coisa no livro, na próxima página. Não sei como descrever exatamente, uma garota sentada aparentemente pensando, tinha algo ou alguém a observando, como se fosse totalmente distante ou algo do tipo, de modo que não pertencesse a este plano, o nível terrestre. Seus cabelos pintados fortemente com o lápis estavam um pouco bagunçados mas dando um ar que aquilo fora proposital, pois foi feito de modo até artesanal. Ela estava sobre uma poltrona ao lado de uma janela, que por si só dava visão a um belo jardim que atrairia até mesmo os que não se interessam por coisas como essa, mas algo na imagem me incomodou, mais do que deveria para falar a verdade, de pé no jardim tinha um homem olhando diretamente para dentro do quarto onde ela se localizava, direto para ela sem fazer com que a mesma se desse conta. Passei os dedos pela página em busca de algo que pudesse me surpreender, mas a coisa mais interessante que achei fora um número de telefone e embaixo escrito: "Ligue para ela".

   A propósito, eu não notei que a informação era para mim, pensei que fosse algo relacionado a uma previsão, como a última que o livro teve, aquela do homem morto, então não que fosse algo sendo indicado a mim. Então notei, a imagem de minha mãe, o piano, meu pai e aquela garota, tudo não passavam de previsões, coisas que iriam acontecer, isto me deixou tão feliz quanto triste, mas ao superar de tudo, me deixou confuso.

   Virei para a próxima página, nada, outra página em branco a ser preenchida assustadoramente pelo vazio, aquele livro não ia me perdoar, sempre mostraria algo para eu fazer. Quando eu saberia o que significava ? De onde veio ? Viera para  mim.

   Sempre estas coisas que não posso mudar, o livro fora um erro, eu não devia ter o pego, mas não importa o quanto eu diga, sei que não vai resolver nada. Eu poderia salvar alguém com aquele livro, mas não conhecia a garota que ali demonstrava, uma adolescente, eu tinha nove anos. Fui até a sala já que minha mãe dormia e digitei aquele número em meu telefone, fora só apertar as teclas certas demonstradas na página.

    Um toque, dois toques, no terceiro começei a pensar se eu não deveria deixar para lá, o que eu iria fazer ou dizer ? Não fazia ideia, então não queria continuar a cometer erros para resolver eles mais tarde, assim que iria desligar o telefone alguém disse:

- Alô !

     Fiquei alguns segundos petreficado segurando o telefone em meu ouvido fora do gancho, tenho de admitir que não me dou muito bem enfrentando nada, fico paralisado e sem respostas, tentando não tremer em frente a quem quer que eu esteja, tentando não derrubar lágrimas também e com um falso sorriso. Ela perguntou novamente:

- Tem alguém ai ?

   Oh, era a mesma voz dos meus sonhos que dizia: Salve Emily, que pedia para salvar sua irmã e eu teria meu pai de volta, algo que era mentira pois ele estava morto, então tudo o que eu fiz foi em um gesto mal educado desligar o telefone com ela ainda do outro lado da linha.

                     *********************

    Na outra manhã acordei aliviado por não sonhar com nada, crianças querem sonhar, decidi que não me encaixava neste grupo desde que sonhei com o homem morto. Assim que acordei fiz questão de checar o livro novamente, não notei nada de diferente, estava exatamente do jeito que eu deixei a noite passada. Assim que acordei minha mãe perguntou:

- Você quer sair hoje ? - Notei que ela estava mais sorridente do que o normal, isto era um pouco estranho se comparar como ela estava desde que meu pai morreu. - Podemos ir no centro de lojas e comprar algo legal para você, quem sabe até outro disco de vinil...

- Sim, claro. - Respondi rapidamente, estava infinitivamente melhor do que no outro dia, estava prestes a esquecer tudo. - Vou me arrumar...

   Em pouco tempo depois de prontos estavamos lá em uma dessas lojas gigantes onde você encontra qualquer coisa, bem mais barato que em qualquer outro lugar. Ela passeava com uma cesta dessas de super mercado, pegando variados objetos, na verdade eu conhecia o truque que negócios como esses usavam, você compra milhares de produtos por serem baratos (muitos estragam em um mês), gastando muito mais e dando lucro para eles, você compra coisas que não precisa e realmente desnecessárias. Ela olhou para mim e disse:

- Eu tenho de te contar uma coisa.

- Sim ? - Eu realmente esperava que fosse algo bom, pela alegria que ela demonstrou. - O que é ?

- Eu conheci um cara. - Estranhei o modo com que ela disse isso, como se fosse uma adolescente ou até alguém de minha idade. - Ele quer te conhecer e...

- Vocês estão namorando.

- Como ?

- Vocês estão namorando. - Na verdade estava algo bastante claro pelo sorriso que ela abriu essa manhã, perguntei. - Quando vocês se conheceram ?

- Não, não estamos namorando. - Fiquei um pouco aliviado. - Conheci ele no trabalho e ele é legal, você vai gostar dele.

- É uma questão de tempo até vocês começarem a namorar.

- Vá escolher um brinquedo para você e vamos ir em outra loja. - Ela riu e eu fiquei lá encarando ela, minha mãe colocou o dedo na ponta de meu nariz e disse rindo. - Vá logo.

   Eu entrei naquele corredor e fiquei procurando um que me agradasse, não um muito caro pois ela não iria querer comprar. Olhei em quase tudo e decidi pegar uma dessas arminhas de plástico que espirra água, sempre quis ter uma dessa para brincar com meus amigos, minha mãe nunca comprara uma para mim pois sabia que era como investir em um problema, porém, desta vez que ela estava alegre eu poderia convence-la. Assim que peguei o brinquedo e me preparava para voltar vi uma garota adolescente que chamou minha atenção, com uma calça jeans, uma camiseta com um cachorro da raça Pug estampado, também usava uma camisa vermelha e xadrez aberta, muito parecida com aquela deu meu livro, ela estava com uma mulher loira que aparentava ter vinte e poucos anos, parecendo aquela de meu sonho, me aproximei de ambas e disse:

- Olá...

   Elas me encararam, a mais velha se abaixou e disse:

- Oi garotinho, está perdido ?

- Na verdade não. - Juntei coragem para falar. - Alguém lhe ligou ontem a noite ?

- Como assim ?

- Fui eu.

És tu a Alma do Corvo, estridente Alma do Louco.


    Antes de começar devo dizer que este sonho que estou retratando aqui foi sinistro até mesmo para mim, não pelas mortes e crueldades, mas sim pelo motivo que eu me divertia com tudo aquilo, por qual motivo corvos ? Não sei, talvez pois eles sejam retratados como criaturas sombrias desde muito tempo atrás, desde as obras de Edgar.


                              *****************





    Fora absolvido por tudo a ponto que em breve não pagaria pelo passado, mesmo que o tal se colocasse em relevo na minha deslizante vida onde eu estava prestes a entrar em combustão, sentimento que patéticamente foi se diminuindo até que eu me tornasse frio o suficiente para não me importar, eu não tinha tudo extremamente calculado, mas fingia ter, deste modo eu me colocava como um humano genial sendo que a verdade eu era apenas soterrado por ondas e ondas do comum, me afogando em um mar psicodélico e mental. Quando tal disse:

- Ele não pode subitamente ser enviado a cadeia, ele não estava ciente do que estava fazendo.

- Preso é o que deveria, chega de assassinos sendo esculpidos como loucos.

- Ele não tem culpa...

   Eu ouvia aquela conversa irritante e súbita que não me importava, na verdade pouco eu pensava no lugar ao qual iria chegar, tudo o que passava em minha mente era a canção Brain Damage do Pink Floyd travada na frase: O lunático está na grama. Eu me sentia completamente estranho, um homem ao qual todos decidiriam se o fim era uma cela abandonada no tempo com pessoas iguais a mim, ou um lugar solitário onde vozes ecoavam em nossas mentes. Eu me sentia incapaz de falar por mim mesmo e totalmente estúpido, tudo tinha perdido sua cor e estava obscuro, no fim eu sabia que só um dos meus dois lados poderia voar através das nuvens e entrar no paraíso.

- Então está decidido. - Eu não gostaria de ouvir uma última decisão. - O sujeito fora completamente alienado pelo seu interior, então não é capaz, deve ser enviado a tratamento e quando estiver melhor recolocado como um homem decente na sociedade.

   Todos nós sabíamos que não existia uma cura, eu nunca ia sair das paredes brancas de um hospício que ia se desfazer com o tempo, porém, minha personalidade cruel e abusiva do sangue nunca chegaria a se decompor, aquilo que se infiltrou em minha mente agora se tornou uma parte de mim, não algo que simplesmente iria ser retirado a palavras belas, tratamentos cruéis e remédios forçados, vi várias vezes o mal corromper o bem, porém, raramente vi o bem corromper o mal.

- Se prepare, iremos lhe buscar hoje a tarde, voltara para casa e de lá, para sua clínica.

    Em uma atitude idiota dele fui enviado para casa, onde mais tarde iria ser levado de lá para uma cela branca,  a decisão mais absurda fora me deixar lá sozinho, não que eu fosse tentar fugir, mas como eu já fora pregado como mais uma absurda onda testemunhando a loucura, eu poderia levar tudo o que eu fiz adiante.

    Não deveria sentar ali e esperar ser levado para todo e todo o sempre, realizar um pesadelo pessoal e dizer que estava tudo bem. Eu deveria aproveitar antes que tudo desmoronasse sobre minha mente ? Rindo de meus medos, por um segundo eu não tinha motivos ao qual me preocupar, no fim sorrir doía mais que viver chorando, estava decidido lavar minhas mãos com puro sangue, ir além dos momentos irrelevantes.

    Andei na rua, entrei em casas e matei todos que me subestimaram:

- Saia daqui !

    Todos diziam, lavados com seu próprio sangue, recebi meu pergaminho feito da mais puras das águas que correm pela ilusão, quando diziam que eu tinha talento com palavras nunca me disseram que esse talento também provia da morte, corpos agora eternamente vazios. É claro, quando o último dos meus odiadores fora derrubado no chão, se afogando em um líquido vermelho ressurgindo das veias desmanchadas, eu me sentei no sofá de casa esperando a hora que deveria ser levado, já tinham descobertos assim que seguraram pelos braços e me jogaram na sala ao qual ficaria confinado por muito tempo, não havia relógios ou calendários, apenas a mim e o som de meu coração, que ao passar dos dias não ouvi mais, como se subitamente parasse de bater.

    Eu não sei quanto tempo eu fiquei olhando para as paredes brancas da sala, ficar comigo mesmo era o pior dos castigos. Eu não podia me machucar, não existia elixir que me livrasse da dança do fim. O pior pesadelo era que enfim eu revelei a face negra que de dentro subia nossa eterna escuridão.

                               *********************

- Tomamos uma decisão...

    Aquilo não ia me curar, descobri ao momento que eles discursavam sua decisão, fora mesmo bizarro ver que alguém ainda tinha esperanças em mim, o tempo passa tão rápido e as almas vão se quebrando tão fácil, nunca acreditei que o que vêm fácil se vai fácil, demorei em torno de nove meses para nascer e minha vida poderia se acabar a um passo, lutei para manter certas pessoas por perto que no fim me abandonariam sem olhar para trás, relativamente tudo se vai fácil nessa vida, inclusive quem eu fui algum dia de minha vida.

   Quando eles estacionaram o carro em minha rua podia me ver relembrando os momentos que pensei serem felizes voltando, contudo, por cima existia sangue e vibrações revolucionárias que queriam me derreter. Eu queria ver o carreiro ao qual passava em meus retornos a casa, idiotas, eles acreditaram, onde um a um foram apunhalados por pedaços de vidros de uma garrafa quebrada que achei ao chão, eu não iria se libertar de qualquer forma, pois no fim seria levado de volta e esquecido.

   Ao ver todos fechando as portas e janelas enquanto eu passava me deu um sádico prazer, agora eu que trazia o medo, ninguém me queria por perto, sempre fora assim, mesmo quando eu não trazia a dor, não eliminei nenhuma pessoa, elas estavam trancando suas almas a dentro de casa, se eu as quisesse mortas teria o feito a anos atrás quando fora ainda livre.

   Entrando naquele pequeno espaço pude ver gatos com dentes afiados, corvos com olhos ameaçadores que se moviam como a escuridão, seus tentadores pensamentos quase não me levaram a ver o animal que rolava entre meus pés, a espera de bondade, esperando fidelidade recebida com todo o orgulho, eu poderia ter chorado e tentado os afastar enquanto gatos e corvos partiam para cima dele rasgando a sua carne e se alimentando de seu interior, com gritos esganiçados que pareciam ter o levado também muito de sua alma, animais também tem espíritos, porém, eu ri, me divertindo com a situação, sai e tranquei todos como em uma gaiola, nunca poderiam sair, antes eu disse com calma e meu sorriso sádico estampado em meu rosto:

- Vocês são loucos, completamente inúteis, atacam por prazer e não pensam no que vai acontecer. Eu sabia de tudo desde o princípio, tinha conciência de que seria preso, mas eu escolhi assim. Vocês acharam que não teria suas consequências, por isso eu sou um homem livre e vocês serão abandonados aqui para morrer.

    Eu andei por aquelas ruas, sem me alimentar ou beber, sem descansar ou parar, sorrindo até o fim dos meus dias, és tu a alma do corvo, estridente alma do louco.



 

 
   

Cancelamento

   Eu vim anunciar o cancelamento da história: Torre de Epirédios, assim como o cancelamento do jogo da história. O motivo é que ninguém votou nas opções e sendo uma história de votação impossibilita continuar, sendo que notei que dois de vocês quebraram a regra de postar 1 vez ao mês.

A vida em palavras: Rebobine minha mente

 



    Eu sei que faz tempo que não escrevo aqui, faz muito tempo que também não escrevo assim. Eu nunca sei ao certo o que rebobinar, se é minha mente ou minha vida. Posso estar até falsamente rodeado de pessoas enquanto o destino está preparado pra me ferrar a qualquer momento, então se o destino faz coisas só para me ferrar e torturar até certo ponto, se conclui que eu sou o destino. Sim, eu sou o destino, você é o destino e todos nós somos. Por nossa causa que tudo está assim, você fez o que está realmente acontecendo.


                                      "Você não vai morrer"

                                      "Não tenho como saber"


 
A cada momento, posso estar realizando tudo aos poucos, mas é isso que realmente quero ? Luzes psicodélicas invadem, eu lembro, eu choro, eu sorrio, eu me sinto estúpido, eu prefiro estar com você do que estar com todas essas pessoas. Melancolia ressurge como a Fenix celestial, combustão descreve o fogo que queimou minha mente, rebobine minha mente, rebobine minha mente.

 

                    Recusei ir ao mar.

                    O lugar onde eu desejei estar durante 7 meses.

                    Restaurei minha alma.

                    A alma que abandonei jurando ser para sempre.



    Me sinto tão estranho, sangue escorrendo de meus olhos, chorando lágrimas que derretem por cada sentimento que passam. Lembro dos tentáculos que saem da mente de Lovecraft, espirais de Junji Ito, o corvo de Edgar, abandone seu passado, rebobine tudo novamente. Eu não me refiro a tudo que passou, porém, eu tenho de fazer coisas que estou deixando para mais tarde, não tenho quem culpar, então culpo a mim mesmo, outra vez.

    Ruídos do meu quarto, não sei o que são, mas não me preocupo, se for um convite, irei levar o chá. Restaurei os sentidos e assim, um buraco negro no meu teto. Desliguei para me sentir mais calmo, mesmo estando só, me sinto menos confuso, um dia irei buscar e vamos viajar pelos ares e mar, terra não vai nos barrar e sim ser nossa estrada, olhe meu rosto, eu quero com você sempre estar, se for viver com você não preciso morrer, mas se estiver sem ti eu vou me entediar como em um domingo de verão, vendo um filme mesmo com todo o sol. Quando eu tentar explicar por que não fiz minha lição, talvez eu diga que eu evitei ao máximo o monótomo com todos seus movimentos neuróticos, que repeti a  mim mesmo entrar em ritmo  harmônico e agitado, então depois de tantos dias lentos e outros frenéticos, esqueci totalmente os motivos de não restaurar o meu futuro quando podia fazer tal coisa ao presente, eu não tenho muito tempo, então por favor, rebobine minha mente.




"Não estou dizendo que tudo vai  ficar bem, estou lhe dando um motivo para continuar vivendo"







                                 

Lista de 300 contos que você pode ler online



OS CONTOS MARCADOS EM AMARELO É QUE EU JÁ LI E DEIXEI MARCADO.


24- A morte não melhora ninguém: http://minilua.com/contos-minilua-2/
25- O teatro de marionetes: http://minilua.com/contos/
208- Você entraria em uma floresta escura comigo ?: http://minilua.com/contos-minilua-voce-entraria-em-uma-floresta-escura-comigo-199/
224- A queda da casa de Usher: http://contosdocovil.wordpress.com/2008/05/12/46/
231- Diário dos mortos – A ira dos injustos: http://www.universozumbi.com.br/conto-diario-dos-mortos-a-ira-dos-justos/
279- O lado negro do Minilua: http://minilua.com/o-lado-negro-do-minilua/
280- O lado negro do Minilua – Parte 2: http://minilua.com/o-lado-negro-do-minilua-2/
294- Manual de sobrevivência para uma creepypasta: http://medob.blogspot.com.br/2012/09/manual-de-sobrevivencia-para-uma.html

Histórias Extras: